Burnout é um termo em inglês, que em tradução livre significa: Burn = queimar; Out = apagado.
Esse termo foi criado pelo psicanalista Herbert Freudenberger nos anos de 1970 para descrever uma sensação de esgotamento que está intimamente ligada às funções de trabalho. Ele criou o termo após observar esse sentimento em si, e também em alguns dos pacientes que acompanhava.
A Síndrome de Burnout, como conhecemos hoje, recentemente entrou na lista de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome crônica. Desta forma, ela faz parte da próxima Classificação Internacional de Doenças (CID) que deve entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2022.
Atualmente, a OMS entende que essa síndrome se refere especificamente a fenômenos diretamente relacionados ao contexto profissional, e que ela não deve ser atribuída a fenômenos decorrentes de outros âmbitos da vida. Porém, alguns pesquisadores tem defendido que a síndrome pode ser desencadeada também por sobrecargas advindas dos afazeres domésticos e cuidados com a família, pela vida acadêmica, ou mesmo por relacionamentos amorosos. O motivo dessa ocorrência, seria a carga mental inclusa nessas atividades, que não costuma ser percebida no dia a dia.
Definições e explicações a parte, você já parou pra pensar como esse adoecimento ocorre?
É claro que cada indivíduo é diferente e tem suas particularidades, mas existe uma jornada comum que atinge quase todos que acabam desenvolvendo a síndrome. E é essa jornada que eu vou te mostrar hoje:
Tudo começa assim: você trabalha muitas horas por dia, e sente necessidade de estar produzindo o tempo todo. Tempo livre, lazer, hobbies ou sono se tornam supérfluos, e o que importa é estar sempre fazendo algo que vai agregar pra sua atividade profissional.
Mas por consequência disso, seu nível de estresse vai aumentando consideravelmente enquanto o tempo passa, e junto com o estresse vem se consolidando uma situação de sobrecarga física e psicológica.
É muito comum que pessoas muito estressadas e sobrecarregadas comecem a construir hábitos que são prejudiciais a saúde, como fumar, aumentar o consumo de álcool, iniciar o uso de outros entorpecentes, ter poucas horas de sono e se alimentar de forma cada vez menos saudável.
A consequência de um corpo que está vivendo no limite e não é cuidado, é o sofrimento cada vez maior com os impactos de todo o estresse e os maus hábitos, e isso a médio e longo prazo gera adoecimento.
Um corpo adoecendo sempre dá sinais de que algo está errado, mas você está tão imerso nessa rotina, que acaba não escutando, ou pior, ignorando todos esses sinais. A sua cabeça está tão condicionada à necessidade de produção, que já pensa que os sinais são na verdade sinônimo de preguiça, e ao invés de parar, você se cobra ainda mais por não estar mais conseguindo produzir como antes.
Em paralelo a tudo isso, a sua saúde mental vai ficando cada vez pior, e nessa altura o estresse já tem alguns outros companheiros, como sintomas ansiosos e depressivos.
O resultado de todo esse processo, é um trabalhador desenvolvendo a síndrome de burnout!
O que torna este um processo muito perigoso, é o fato de que os reais impactos de uma jornada como essa são percebidos apenas anos após o início dela, quando a síndrome ocorre. No curto prazo, o corpo jovem e saudável costuma responder muito bem a essa sobrecarga de estímulos.
Mas não se engane: por mais que a tendência seja você pensar que isso não irá acontecer com você, todos estão sujeitos a isso. Provavelmente, nos últimos meses, você deve ter visto uma crescente de influenciadores, produtores de conteúdo e artistas contando que precisaram mudar seu estilo de vida devido a um burnout. Não é atoa que que houve um aumento enorme da busca pelo termo "burnout" durante a pandemia da Covid-19.
Desta forma: cuide-se!
E caso você tenha se reconhecido nessa jornada, reflita! Questione tudo o que você tem feito, não espere adoecer completamente para buscar ajuda.
E se não conseguir sozinho(a), busque terapia!
Com carinho,
Dominique Stéfhanie Barauce
Psicóloga
CRP 08/25857
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