Esse talvez seja um dos lugares comuns mais fáceis de encontrar por aí quando se trata da psicanálise: achar que se vai para o consultório do psicanalista para ouvir, no fim, que é tudo culpa do pai e da mãe.
E isso se deve muito ao fato de que quando ao ler a teoria, nos deparamos muito com a proposta do retorno à infância e às questões familiares como um caminho para entender os sintomas e aqueles ciclos que tanto se repetem na nossa vida.
É culpa mesmo do pai e da mãe, então?
Não, porque não é um culpado que a gente procura!
O retorno às lembranças infantis ocorre por vários motivos, e um deles é um fato bem simples: nós enquanto seres humanos somos seres de relação, e um resultado da soma de tudo aquilo que vivenciamos em nossas vidas.
Bem lá no início da nossa vida, na nossa infância, tudo o que vivemos é permeado pela nossa família. Quando recém nascidos, por exemplo, é quem faz o papel de cuidador principal que nos apresenta o mundo: seja ele o externo ou o interno, já que é essa pessoa que nos ensina que aquele desconforto que sentimos é fome, frio, ou cólica.
E a partir daí, é na construção das nossas relações com nossos pais, irmãos, e até no observar a relação de nossos pais que a gente começa a aprender a se relacionar com os outros e com o mundo.
Sendo assim, relações saudáveis entre pais e filhos, e até entre os próprios pais, são essenciais para que a gente possa reproduzir relações saudáveis na nossa vida adulta.
Muitas vezes, nos colocamos em relações doentes na vida adulta sem querer justamente porque é o padrão que nós conhecemos, e inconscientemente acabamos reproduzindo mais tarde. Afinal, não tem como exigir da gente uma resposta que a gente não conhece… não sem criar novos repertórios. E pra isso, haja terapia né?
No fim, quando a gente fala de família, de pai, de mãe, não estamos falando de culpa. Muito menos de família tradicional tá? Usamos pai e mãe porque é o mais usual, mas qualquer formato de família se encaixa nisso.
Estamos falando sobre a importância que as relações familiares têm na nossa formação como sujeitos, e nas marcas que isso pode deixar na gente.
Te ajudou a entender um pouquinho mais?
Me conta!
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